segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Capo galego vai ser julgado em Viana do Castelo

Aquele que é classificado pela polícia espanhola como um dos presumíveis capi que mais droga introduziram na Galiza na última década, Ramiro Vásquez Roma, vai ser julgado pelo tribunal judicial de Viana do Castelo por branqueamento de dinheiro e fraude fiscal. As acusações resultam de uma investigação conjunta das polícias espanhola e portuguesa, que descobriu que no estaleiro naval da Vianapesca, localizado em Viana e cuja sócia maioritária era a mulher do alegado traficante, existia dupla contabilidade: uma para a venda legal dos barcos construídos e a outra para responder aos pedidos de construção de lanchas voadoras para os narcotraficantes portugueses e galegos.

Segundo avançava ontem o El País, representantes do Departamento de Investigação e Acção Penal reuniram-se na última semana na sede do Eurojust (Agência Europeia para o Reforço da Cooperação Judiciária), na Holanda, com os seus congéneres espanhóis para decidirem as acusações que vão ser deduzidas em ambos os países contra Vásquez Roma, para evitar que seja julgado pelo mesmo delito, o que invalidaria o processo e a confiscação definitiva dos seus bens, em Portugal o estaleiro da Vianapesca.

Ao PÚBLICO um dos sócios da empresa, Francisco Portela Rosa, disse desconhecer o processo, alegando que o estaleiro está em processo de pré-falência. A sede da empresa terá já mudado de instalações, deixando o estaleiro propriamente dito nas mãos de uma fi rma chamada Navalephes. Francisco Portela Rosa, detentor de 5% da Vianapesca, negou também o envolvimento da empresa nos factos, argumentando que “a Mercedes também construiu automóveis utilizados no narcotráfi co e não é responsável por isso”.

Segundo a investigação, em dois anos a Vianapesca chegou a construir 70 embarcações ( na sua maioria lanchas voadoras), mas na documentação apreendida na Sea Rib’s, empresa encarregada de comercializar a produção, das 21 embarcações vendidas em 2006, apenas em três delas coincidem as características entre aquilo que foi fabricado e o que foi declarado.

Por Susana Ramos Martins na edição de 10 de Fevereiro de 2011 do PÚBLICO

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