domingo, 8 de março de 2009

Historiadora caminhense diz que bíblia atribui ao feto um mero valor pecuniário

“A bíblia atribui mais valor à vida da mulher do que à vida do feto”. A opinião é da historiadora Fina d´Armada, natural da freguesia de Riba de Âncora, no concelho de Caminha. A menos de um mês para a realização do referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez até às 10 primeiras semanas, a investigadora, defensora do Sim na consulta popular do dia 11 de Fevereiro, diz que encontrou na Bíblia, mais precisamente no Exôdo, referencias sobre o valor que Deus dá à vida da mulher e à vida do feto. “Naquela parte da história em que Deus se encontra com Moisés e lhe dita os 10 mandamentos, Deus dita também uma série de preceitos. Entre esses preceitos está este: se alguém bater numa mulher e ela abortar, esse alguém tem de pagar o valor que o marido pedir, porque os filhos eram do pai. Mas se matarem a mãe, então já é vida por vida”. Para Fina d´Armada isto significa que “a mãe valia uma vida, mas a criança só tinha um valor pecuniário”.

A estes argumentos a mandatária do Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim acrescenta que o referendo do dia 11 “é para dizer que o ventre das mulheres é de toda a gente”. “Cão e gato manda e decide, mas a mulher não pode decidir. E isto é uma coisa que vem de outros tempos, em que o ventre não pertencia à sua própria dona. O que se defende agora neste referendo é que a mulher tenha o poder de decidir sobre o seu próprio ventre”. “O aborto para mim é secundário, isto é uma questão de direito”, defende.
Fina d´Armada explica que defende o Sim no referendo do dia 11, porque considera que “aqueles que defendem o Sim é que são pela vida”. “Se uma mulher quiser abortar vai fazê-lo de qualquer maneira. Se o aborto for legalizado, a mulher vai ter de ir a um hospital onde vai ter contacto com médicos e psicólogos que até poderão conseguir demovê-la daquela decisão”.
No último referendo realizado em Portugal à despenalização do aborto teve lugar em 1998 tendo vencido o Não. Nove anos depois a questão volta a ser colocada à sociedade portuguesa. No dia 11 de Fevereiro, um Domingo, os portugueses vão às urnas para responder à pergunta: “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”.
O presidente da República, Cavaco Silva, já pediu que “o debate sobre a questão decorra na maior serenidade e elevação”.

Susana Ramos Martins

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