No ano passado, no início do ano lectivo, as vozes dos pais e das crianças do primeiro ciclo que frequentavam a escola de Orbacém, que foi, nesse mesmo ano, encerrada pelo ministério da Educação, fizeram-se ouvir bem alto. Contestavam não o encerramento da escola, mas o facto de a Câmara de Caminha não garantir o transporte daqueles alunos para o estabelecimento de ensino que os pais tinham escolhido como substituto: o de Riba de Âncora e não o de Dem, tal como apontava a Carta Educativa. Por isso, os alunos ficaram por diversas vezes apeados em Orbacém e tiveram de ser os próprios pais, durante o resto do ano, a garantir o transporte das crianças.
Um ano volvido, e já com os ânimos bem mais calmos, eis que acontece algo curioso. A Câmara de Caminha aprovou a atribuição de um subsídio à Junta de Freguesia de Orbacém para a compra de uma carrinha de nove lugares para, imagine-se, transportar os alunos do primeiro ciclo daquela aldeia para as respectivas escolas de acolhimento, localizadas em Riba de Âncora e Dem.
“Quer para um, quer para outro lado nós iremos transportá-los”, assegura com convicção o social-democrata Amadeu Brito. O presidente da Junta de Orbacém diz que o problema do ano passado – a falta de transporte para aqueles alunos – se mantém, pelo que o objectivo da autarquia é “ajudar a solucionar o problema”.
Assim sendo, pediu apoio à Câmara de Caminha para comprar uma carrinha de nove lugares, tendo recebido luz verde da equipa da também social-democrata Júlia Paula, que vai financiar com 15 mil euros a compra da viatura.
Questionada sobre este volte-face, a presidente da Câmara explica que “quem vai fazer a gestão corrente do transporte é a Junta de Freguesia, sendo que esta tem toda a autonomia para fazer essa gestão e para deslocalizar os alunos”. “O que nós sempre dissemos é que não deveria ser a Câmara a fazê-lo, porque nós não devemos privilegiar alguns alunos do concelho em detrimento de outros. Foi a nova politica do ministério da Educação que entendeu encerrar umas escolas e manter abertas outras. Com o encerramento dessas escolas verificou-se uma deslocalização de alunos para certas freguesias. Essa deslocalização é que sofreu uma lógica e a Câmara não pode estar a promover o transporte escolar para umas freguesias, e outras que também viram as suas escolas fechadas não verem esse tipo de apoio por parte da Câmara”, avança Júlia Paula.
No entanto, a autarca considera “absolutamente legítimo” que a responsabilidade caiba à Junta de Freguesia: “se a autarquia de Orbacém entende adquirir uma viatura e dar esse apoio aos seus habitantes, nós entendemos que isso é absolutamente legítimo e não temos critica nem nenhum comentário a fazer. Até por uma simples razão, somos nós que estamos a apoiar e subsidiar essa compra”.
Susana Ramos Martins
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