terça-feira, 6 de março de 2012

Euronete aposta em Viana do Castelo para exportar cabos de plataformas petrolíferas

Foi lançada hoje em Viana do Castelo a primeira pedra de uma fábrica que vai permitir ao grupo luso-holandês Royal Lankhorst Euronete fabricar cabos para amarração de plataformas petrolíferas offshore, em bobines de grandes dimensões com 120 a 150 toneladas, abrindo assim portas a um mercado que lhe escapava.

No Alto Minho vão ser investidos 6,5 milhões de euros na nova unidade industrial que vai ficar integrada no porto de mar da capital do distrito e permitir a criação de 50 novos postos de trabalho. A fábrica deverá começar a produzir em Setembro, sendo a produção totalmente para exportação.
É a unidade industrial de que o grupo luso-holandês Royal Lankhorst Euronete necessitava para se aventurar em outros voos no mercado da fabricação de cabos de amarração para plataformas petrolíferas em offshore e passar, assim, a liderar o sector.
A nova fábrica de Viana do Castelo, cuja primeira pedra foi lançada esta manhã na presença do secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, vai permitir ao grupo produzir bobines de 120/150 toneladas e assim entrar num nicho de mercado que até agora lhe escapava. A exploração de petróleo é feita em águas cada vez mais profundas com necessidade de cabos mais longos. Até à data, o grupo só conseguia produzir bobines com 80 toneladas.
“Em Outubro, perdemos um contrato muito grande para o Golfo do México, de quase 20 milhões de euros, precisamente por não podermos fazer essas bobines de grandes dimensões”, revelou ao PÚBLICO o presidente do grupo Euronete, José Luís Gramaxo, justificando o investimento na capital do Alto Minho com o facto de a nova unidade industrial ficar localizada junto ao porto de mar, facilitando o transporte da produção.
Graças à unidade de Viana, mas também à do Brasil (um investimento realizado no ano passado de cinco milhões de euros que permitiu assinar com a Petrobras um contrato para a fabricação de 11 mil toneladas de cabos de amarração para sustentar as plataformas de exploração e produção petrolífera em alta profundidade, classificado pelo presidente do grupo Euronete como “o maior contrato do mundo já alguma vez adjudicado”), o grupo luso-holandês conta atingir este ano uma facturação superior a 200 milhões de euros, a maior de sempre. Isto depois de ter encerrado 2011 com uma facturação igualmente recorde: 175 milhões de euros, mais cerca de 20% em relação a 2010. E em 2013 os números deverão voltar a crescer, já que a nova unidade industrial só vai começar a produzir a partir de Setembro, estando já o grupo a negociar vários contratos para o próximo ano.
Este é, segundo as palavras de José Luís Gramaxo, um sector (a exploração petrolífera offshore) em franco desenvolvimento: “quer a Petrobras no Brasil, quer as empresas americanas no golfo do México, quer na Noruega, têm os maiores investimentos de sempre já preparados para os próximos anos para a exploração petrolífera em águas profundas, que necessita de amarrações com cabos sintéticos como os que nós fabricamos”.
Os cabos de amarração para plataformas petrolíferas são feitos com fio poliéster para resistirem à pressão da água a grandes profundidades. A nível mundial há apenas quatro empresas a fabricar esse tipo de cabos e duas delas pertencem ao Royal Lankhorst Euronete (a de Viana e a do Brasil). As outras duas pertencem a outras empresas e estão localizadas na Noruega e em Inglaterra.
“Temos vindo, um pouco em contraciclo, a crescer nestes últimos anos, porque tivemos uma estratégia muito bem delineada desde que aconteceu a crise 2008/2009 (em que o grupo teve uma quebra substancial na facturação) e não temos perdido as oportunidades”, explica o presidente do grupo, justificando assim o segredo do sucesso.
No Alto Minho vão ser investidos 6,5 milhões de euros na construção desta nova fábrica de cabos para amarração de plataformas petrolíferas em offshore, que vai nascer na área de expansão do Porto de Mar de Viana, nos terraplenos da margem sul do rio Lima, e vai permitir criar 50 novos postos de trabalho. A nave industrial deverá ficar concluída ainda no primeiro semestre deste ano, para estar a laborar em pleno já no segundo semestre.
O financiamento é feito com capitais próprios do grupo, mas também graças ao crédito concedido por bancos portugueses e holandeses. José Luís Gramaxo admite que, mesmo em tempo de crise, o grupo não tem tido dificuldades no acesso ao crédito. “Acho que em Portugal não há nenhum projecto que seja viável e interessante para o país que não possa ser financiado”, justifica.
De Viana do Castelo vão sair, totalmente para exportação, cerca de três mil toneladas de cabos/ano, o que, segundo as contas do presidente do grupo, irá equivaler a uma facturação anual na ordem dos 20 milhões de euros.
Um dos maiores produtores mundiais de cabos; o maior produtor mundial de redes para a pesca pelágica e de fundo e um dos líderes europeus na produção de produtos de plástico e engenharia, o Royal Lankhorst Euronete Group, liderado pela família portuguesa Gramaxo, divide a sua actuação em seis unidades de negócio - divisão de cordas marítimas e offshore; divisão de fitas e fios; divisão de compostos; divisão de pesca; divisão de plásticos de engenharia; divisão de materiais para barcos de recreio -, correspondendo a divisão de cordas marítimas e offshore actualmente 30% da facturação anual, mas com tendência a crescer.


Publicado por Susana Ramos Martins no PÚBLICO on line no dia 5 de Março de 2012, secção Economia

Sem comentários: