sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Misericórdia de Viana traz à luz do dia preciosidades até agora escondidas

José olha atentamente para uma escultura em madeira de Nossa Senhora do Rosário. Mira de um ângulo. Muda-se para ver melhor do outro e termina exclamando de satisfação: “que maravilha!”. José foi uma das muitas pessoas que no final da tarde da última sexta-feira de Julho, dia 29 – uma tarde quente! -, não faltaram à inauguração, no Museu de Arte e Arqueologia de Viana do Castelo, de uma exposição com algumas das mais valiosas e significativas obras do espólio da Santa Casa da Misericórdia da mesma cidade. Com parte do património em obras - a sede, a igreja e outros edifícios localizados na Praça da República -, a instituição conseguiu estabelcer um procolo com a autarquia local de forma a conseguir guardar e simultaneamente expôr algumas das suas relíquias que durante anos não estiveram ao acesso do público. Como confessou o provedor, Vitorino Reis, algumas destas peças viveram escondidas em arrecadações.


Durante os próximos 18 meses – tempo previsto para a duração das intervenções, nomeadamente na Igreja da Misericórdia- quem passar pelo espaço museológico, localizado no Largo de São Domingos, vai poder apreciar quase uma vintena de pinturas e esculturas dos séculos XVI, XVII e XVIII, entre elas uma Senhora da Misericórdia pintada por André Padilha. Nome desconhecido para a maioria, mas bastante apreciado por aqueles que sabem tratar-se de uma figura marcante da pintura quinhentista do Alto Minho.


A inauguração desta exposição no Museu de Arte e Arqueologia foi o primeiro para a concretização de um dos grandes objectivos da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo: a abertura da instituição à cidade. “Abrir à cidade, abrir ao país e abrir as portas àqueles que nos visitam”, corrobora o provedor da instituição. Segundo Vitorino Reis, a misericórdia tem “um espólio fabuloso” que tem estado escondido. “A própria igreja, que é uma obra nacional, tem estado fechada a maior parte do tempo. Estamos a realizar obras, estamos a recuperar o edifício do antigo hospital, onde vamos instalar todos os serviços administrativos e toda a parte museológica e, simultaneamente, começar a criar uma dinâmica de abertura à sociedade”.
Nos planos da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo está ainda a criação de “um centro vivo para visitas” que vai englobar o património da instituição, como a igreja que agora está em obras. “Queremos criar no conjunto igreja-capela interior-claustro um centro vivo para visitas, para concertos. Vamos tentar rentabilizar aquele nosso espaço porque temos milhares de pessoas que nos visitam e adoram ver aquela envolvente que é uma coisa maravilhosa que temos na cidade e que não tem sido explorada”, sublinha Vitorino Reis.

Câmara de Viana aplaude iniciativa

O primeiro passo foi dado com a inauguração de uma exposição do espólio da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo no Museu de Arte e Arqueologia da cidade. Presente na abertura esteve o presidente da Câmara que elogiou o trabalho desenvolvido pela misericórdia na capital do Alto Minho. José Maria Costa aplaudiu a intenção da instituição em “abrir-se à cidade”, considerando que “estamos num momento importante em que procuramos conhecer alguns aspectos da vida da cidade e da sua própria construção ao longo dos anos, para que possamos ter mais informação e melhor conhecimento”.
“Eu gostava de transmitir ao Provedor o gosto que é para nós [autarquia] podermos ser parceiros nesta iniciativa de promoção do património”, rematou o presidente da Câmara de Viana do Castelo.  


Publicada por Susana Ramos Martins na edição de Julho de 2011 do jornal Voz das Misericórdias 

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