quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Misericórdia de Caminha aposta na cidadania ambiental dos mais novos

“Não se deve deitar lixo na rua e nos rios”. “ É feio, não se faz!”. Fala assim quem tem metro e meio de altura e cinco anos de idade. Mónica e Tiago são duas das 385 crianças de 12 estabelecimentos de ensino público e privado pré-escolar do concelho de Caminha que participam no concurso promovido pela Santa Casa da Misericórdia local: “Ambiente Saudável, Cidadania Responsável”. A iniciativa integra um projecto mais amplo, o Programa Gulbenkian Ambiente, no âmbito da segunda edição do concurso Agir Ambiente, que, das 157 candidaturas apresentadas, selecionou o projecto da Misericórdia de Caminha como um dos 15 projectos nacionais a desenvolver.

Seis mil euros, cincio mil financiados pelas Fundação Calouste Gulbenkian e mil pela Santa Casa da Misericórdia de Caminha, foram investidos em material que vai ajudar os mais novos a “desenvolver uma cidadania mais ambiental”, como assegura fonte da Gulbenkian: estruturas para hortas biológicas, compostores, material pedagógico para as salas de aula e economizadores de água para torneiras, chuveiros e autoclismos.
Os “kits” já foram distribuídos pelas escolas do município para que as 385 crianças participantes possam desenvolver projectos e práticas de salvaguarda do ambiente e, em Março, apresentar um trabalho alusivo ao tema. A escola do pré-primário vencedora do concurso vai ser premiada com uma visita guiada ao Aquamuseu do rio Minho, localizado em Vila Nova de Cerveira.
Graças a este projecto desenvolvido pela Miserricórdia, crianças entre os três e os seis anos vão mexer na terra, aprender como se semeia, planta e colhe, o que é preciso fazer para manter as plantas vivas. Vão, entre outras coisas, aprender também o processo de compostagem e a poupar água. O objectivo, explica Celisa Alves, técnica da Misericórdia, é “ensinar as crianças a proteger o ambiente e sensibilizá-las para a necessidade de uma cidadania responsável como garantia da sustentabilidade ambiental”. Por seu lado, o Provedor António Anfonso sublinha que “isto é uma forma de contribuir para o desenvolvimento e formação das crianças do concelho de Caminha”. Uma opinião que é corroborada por fonte da fundação Gulbenkian, que acrescenta que o concurso Agir Ambiente, no qual está integrado o projecto de Caminha, “visa promover acções relevantes de formação e disseminação de conhecimento, com interesse pedagógico e didáctico para o desenvolvimento de uma cidadania mais ambiental”. A meta final é mesmo “alterar comportamentos num sentido de maior sustentabilidade, de maior respeito pela biodiversidade”, assegura a mesma fonte.
Na segunda década do século XXI, em que nos debatemos com problemas como o aquecimento global, o que estas entidades pretendem é mostrar aos mais pequenos que é obrigatório ter agir em prol do ambiente. E, segundo a educadora Lilia Amorim, do Centro Infantil da Santa Casa da Misericórdia de Caminha, esta consciência ambiental já começa a ser desenvolvida pelas crianças. “Quando se fala em ambiente, elas têm curiosidade e são muito críticas”, garante.
Mónica e Tiago, com apenas cinco anos, também o são. Detestam que as pessoas deitem lixo para o chão e dizem-se ansiosos por começar a trabalhar horta biológica que a sua escola vai desenvolver.

publicado por Susana Ramos Martins na edição de Janeiro de 2010 no jornal Voz das Misericórdias

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