domingo, 19 de abril de 2009

Solheiro acusa governo de "descaramento político" pela não inclusão do Minho/Lima no PRASD

O Governo e as políticas seguidas pela coligação PSD/CDS-PP foram os principais alvos das críticas dos socialistas que se reuniram no passado sábado em Caminha no encontro distrital de autarcas do PS. Ao líder da federação distrital dos socialistas, Rui Solheiro, coube a tarefa de enumerar, sector a sector, os problemas do Alto Minho.
 O dirigente socialista, também presidente da Câmara de Melgaço, começou por relembrar as palavras proferidas pelo social-democrata Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro na Praça da República, em Viana do Castelo, fazendo a comparação com o que, segundo Solheiro, acontece actualmente. "Cavaco pediu desculpas ao distrito pelos 10 anos de governo que foram de total esquecimento para com a região", recordou. O líder distrital socialista afirmou, perante uma plateia que contava a presença do secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, que "algum investimento que existe no distrito foi lançado exclusivamente pelo PS". A não inclusão da NUT -área tida em conta apenas para fins estatísticos- Minho/Lima no mapa das zonas que vão beneficiar com o Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos (PRASD) fez Solheiro apontar o dedo àquilo que classificou como o "descaramento político deste Governo" que, segundo afirmou, "ultrapassa os limites do razoável". Isto porque o índice do poder de compra, o único critério levado em conta pelo mapa desenhado pelo economista Daniel Bessa que deu origem ao PRASD, é no distrito de Viana do Castelo inferior àquele que foi considerado para as áreas classificadas como "deprimidas", inferior a 75%. O distrito de Viana do Castelo regista um indíce de compra de apenas 64,8%. O presidente da federação distrital de Viana do Castelo do PS revelou aos correligionários presentes no encontro a preocupação que o assalta com o facto da NUT Minho/Lima ter sido excluída do PRASD quando as regiões que a rodeiam vão ser beneficiadas pelo programa. "Querem-nos cortar as pernas", disse Solheiro, assegurando que "somos poucos, mas somos bons e não somos fáceis de dobrar". O autarca socialista deixou ficar a promessa que não baixará os braços enquanto o distrito de Viana do Castelo não for incluído no PRASD. Rui Solheiro continuou o rol de críticas ao actual governo de direita reafirmando que "foi zero o investimento do PSD/PP neste distrito". De acordo com o líder socialista, as únicas obras de grande monta que estão a ser executadas no Alto Minho -IC1; IP9; Ponte de Cerveira e Portinho de Vila Praia de Âncora- foram lançadas pelo anterior governo de António Guterres. Além disso, o socialista acusou ainda o executivo central de "não ter assumido os compromissos do governo anterior como -e exemplificou- levar o IC1 até Valença". Além do sector das acessibilidades, Solheiro apontou também o dedo acusador ao sector da saúde. O autarca garantiu que no último ano e meio esta foi uma área que "piorou gravemente", principalmente no distrito onde há mais 8 mil pessoas em lista de espera nos hospitais. A educação também foi, de acordo com Solheiro, uma das grandes prejudicadas pela política do governo liderado por Durão Barroso. Em tom irónico, o líder distrital dos socialistas acrescentou que a única medida "a sério" do governo de direita foi "a retirada do PIDDAC da construção da Escola de Ciências Empresariais de Valença". Solheiro continuou as criticas e o somatório de zeros no que toca a investimentos em sectores como a segurança social, o ambiente e o poder local. Este último foi considerado pelo autarca socialista como "um dos sectores mais penalizados e perseguidos pelo governo do PSD/PP".


"Os autarcas do Alto Minho não estão deprimidos"
Ferro Rodrigues garante que os socialistas vão voltar às vitórias



As críticas feitas pelo presidente da federação distrital de Viana do Castelo do partido socialista foram alargadas ao âmbito nacional pelo secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues. Presente no encontro de autarcas socialistas em Caminha, o líder nacional do partido da rosa repetiu vezes sem conta a frase "que estranho governo é este" para criticar as políticas desenvolvidas pelo governo liderado pelo social-democrata Durão Barroso. Do PIDDAC ao referendo sobre a Constituição europeia, passando pela recente remodelação governamental, Ferro Rodrigues não poupou adjectivos nos recados que enviou ao governo, deixando a garantia, numa nota que provocou algumas gargalhadas na plateia, que "os autarcas do PS não estão deprimidos", pelo que voltarão, assegurou, "às vitórias". O secretário-geral do PS aproveitou a reunião com autarcas para dar a conhecer os últimos números, relacionados com as Grandes Opções do Plano e o PIDDAC para o próximo ano, apresentados pelo executivo central ao Conselho Económico e Social. De acordo com líder nacional dos socialistas, o governo reconhece, finalmente, a recessão que se instalou em 2003, mas apresenta uma perspectiva para o próximo ano "extremamente mediocre". "Há uma perspectiva irresponsável de cortes no investimento público", acusou Ferro Rodrigues. O socialista adiantou que a equipa liderada por Durão Barroso admite que o investimento possa crescer em 2004 "apenas" 1%". "Isto é a confrontação com a mediocridade", classificou. Outras das preocupações manifestadas por Ferro Rodrigues em Caminha prendeu-se com a execução do III Quadro Comunitário de Apoio, que considerou ser "muito preocupante". Segundo o socialista, "corrermos o sério risco de desperdiçar os apoios enquanto o país mergulha numa crise social". A recente remodelação governamental, forçada pelo alegado favorecimento da filha do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, no acesso ao ensino superior, também foi motivo para o secretário-geral do PS criticar a actuação do governo. "Que estranho governo é este em que o primeiro-ministro se mantém calado enquanto há uma remodelação dirigida pela televisão e não por ele próprio", questionou. As próximas eleições europeias e o referendo que o governo pretende fazer sobre a nova Constituição europeia também não escaparam às criticas socialistas. Ferro Rodrigues voltou a perguntar "que estranho governo é este que o dr. Durão Barroso obriga os dois partidos da coligação com posições diferentes sobre a União Europeia a irem em conjunto às eleições europeias apenas para se aguentarem nos resultados?". Sobre o referendo, que a realizar-se poderá ocorrer no mesmo dia das eleições para o parlamento europeu, o secretário-geral do PS considera que tal provocaria a confusão do eleitorado, além de ser "constitucionalmente proibido", pelo que garante que os socialistas inviabilizarão as intensões do PSD de referendar a Constituição europeia, se a data da consulta não for alterada. O processo Casa Pia e a libertação do ex-porta-voz socialista Paulo Pedroso não foi abordado por Ferro Rodrigues no encontro distrital de autarcas do PS. Mas à margem da reunião, em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PS, questionado sobre a "moralidade" do acto de Pedroso em reassumir o mandato de deputado sendo arguido no processo, Ferro disse que Paulo Pedroso "não recebe lições de ética política de ninguém". O encontro de autarcas socialistas do distrito de Viana do Castelo foi encerrado pelo dirigente nacional do PS Jorge Coelho. O socialista apontou baterias a Manuela Ferreira Leite considerando que "a ministra das Finanças vai-se transformar na coveira deste governo". Governo que Coelho acusou de ser o responsável por transformar Portugal num "pesadelo". Ainda assim, o dirigente nacional dos socialistas fez "mea culpa" sobre o actual processo de descentralização de poder realizado pelo executivo central ao afirmar que "o PS também tem culpa porque ainda não disse se quer ou não a regionalização". "Isto de não ter caminho nenhum é que não pode ser", sublinhou.

Publicado por Susana Ramos Martins em O Caminhense em 2003

1 comentário:

Migas (miguel araújo) disse...

Pois é.
Quando se fazem referendos que, em vez de ajudarem as pessoas e as regiões, isolam-nas, tornam-nas fechadas em si mesmas, sem potenciar as suas capacidades e qualidades para o seu desenvolvimento e para o contributo de um desenvolvimento comunitário.
O resultado é este, quando não se é verdadeiro com os cidadãos e se dá uma imagem errada da realidade.
Nos dias de hoje, já não há comunidades fechadas, municípios auto-suficentes.
Há regiões, sub-regiões e intermunicipalidade.
Só assim se desenvolve uma região e um país.
Cumprimentos