sábado, 12 de setembro de 2009

Socialistas apresentam candidatos aos órgãos autárquicos de Caminha-Miranda acredita na conquista da Câmara

“Em Vila Praia de Âncora a maioria das pessoas é PSD. Isto é estar na boca do lobo”, ouve-se uma militante socialista confidenciar em surdina a um outro militante que lhe responde: “temos de desafiar o lobo”.
Foi com pezinhos de lã que os socialistas “entraram no covil do lobo” na noite da última sexta-feira. Apresentaram os candidatos a todos os órgãos autárquicos do concelho no Centro Cultural e Social de Vila Praia de Âncora gerido pelo também socialista José Luís Presa.

Se na América se ouviu dizer “Yes, I can!” (sim, eu consigo) em Vila Praia de Âncora ouviu-se repetidas vezes “eu acredito!”. O candidato socialista à Câmara de Caminha deve ter como livro de mesa de cabeceira “Obama, os segredos de uma vitória” ou outro semelhante, porque é clara a colagem de Jorge Miranda a Barack Obama. Um discurso pela positiva, cheio de esperança e apostando na sua própria juventude foram os pontos que o candidato mais evidenciou. As criticas, o “malhar” nos adversários, como diria o também socialista Augusto Santos Silva, ficou para os outros intervenientes.
“A partir de hoje tudo muda. Eu peço-vos que fixem este dia (4 de Setembro de 2009). Começa hoje a contagem decrescente para a nossa vitória. Para a vitória do Partido Socialista”, proclamou no seu tom de voz pausado o candidato socialista, recebendo como resposta um forte aplauso das pessoas que assistiram à cerimónia. “É um grande desafio, disso não temos dúvida, mas não há nada mais motivador do que um grande desafio”, enfatizou. “A nossa lista é composta de homens e mulheres de grande coragem, que partilham comigo a audácia da esperança”. Para conquistar a Câmara, disse Miranda, os socialistas apenas têm de mostrar às suas “gentes” os seus “argumentos e propostas”.
“O nosso concelho foi, nos últimos anos, enredado como que por uma teia. A teia da propaganda, a teia da hipocrisia, a teia da incompetência. Uma incompetência que está bem disfarçada, mas que está lá. Nós sentimos”, disse, apontado o dedo à governação social democrata, acrescentando, de seguida que a sua “equipa não foi seduzida por essa teia. É uma equipa que não se conforma com esta mediocridade. Sabe que é possível fazer mais e melhor. Nós temos a competência técnica, nós temos a determinação, nós vamos mudar o concelho de Caminha”.
O concelho de Caminha perdeu nos últimos anos 439 habitantes, disse o candidato socialista, citando o INE (Instituto Nacional de Estatística) e culpando os social democratas por tal ter acontecido: “o PSD deixa o concelho mais pobre. Não são só as dívidas. O concelho fica mais pobre porque perde capital humano”.
Para o candidato socialista, “não é com praças e festas que se cria emprego e se fixa população”, mas, por enquanto, não revelou a sua fórmula para que tal aconteça. Disse apenas que tem um programa que “responde a todas as necessidades” do concelho. Programa que se baseia nos seguintes pilares: emprego, solidariedade, justiça, respeito, competência, progresso e desenvolvimento.
“Eu acredito. Todos nós acreditamos. É preciso fazer a população acreditar” na vitória socialista.
Palavras proferidas por um jovem de 30 e poucos anos. Idade que, segundo o presidente da Federação Distrital Socialista, é apontada como o calcanhar de Aquiles de Miranda. Para Rui Solheiro “é insultuoso quando dizem que Miranda é muito jovem para ser presidente de Câmara”. E deu o seu caso como exemplo: “eu fui eleito aos 28 anos e já fui reeleito sete vezes”.
O presidente da distrital aproveitou a apresentação dos candidatos socialistas aos órgãos autárquicos de Caminha para fazer um dois em um: campanha para as legislativas e para as autárquicas. Falou dos erros da governação social democrata e daquilo que os socialistas têm feito no Governo. Mas, quando se debruçou para analisar o concelho de Caminha, preferiu destacar os desentendimentos da PSD que lidera e governa a Câmara de Caminha. “É tempo de Caminha deixar de aparecer na comunicação social por conflitos internos”. “Nunca aparece pelas melhores razões”, censurou. “É o único município da região que não tem um orçamento e Plano de Actividades aprovado e está a governar por duodécimos”. “Um município não pode ter no seu executivo uma fonte de conflitos”
Feitas as criticas, Solheiro fez saber que Miranda tem o seu total apoio e que não tem dúvidas que “a 11 de Outubro o PS vai ter uma grande vitória no concelho de Caminha”.
Para isso é preciso que “todos os militantes e simpatizantes do PS se envolvam na campanha a partir de agora”, apelou Fernando Lima, o mandatário da candidatura de Jorge Miranda. Lima, que começou por dizer que os socialistas têm de se pautar pela “tolerância”, pela “audácia” e por “falar verdade”, escolheu como alvo de criticas a imprensa local, tal como aconteceu na campanha das últimas autárquicas. No dia em que em Portugal se debateu a liberdade de expressão e de imprensa devido à suspensão de um programa de informação numa televisão nacional, Lima disse que o PS lançou um jornal de campanha porque não se pode “dar ao luxo de ter um órgão de comunicação social ao permanente serviço da oposição”. Sem apresentar quaisquer projectos para convencer o eleitorado, Lima preferiu exclamar que “oxalá que a 11 de Outubro termine este verdadeiro Holocausto jornalístico”. Para quem não sabe, o Holocausto foi a tentativa de extermínio dos judeus.
Na apresentação dos candidatos socialistas à Câmara de Caminha estiveram presentes o ex-candidato que perdeu a Câmara para o PSD e agora deputado Jorge Fão, a também deputada Rosalina Martins e o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, José Manuel Carpinteira. Ausência notada foi a de Amílcar Lousa, o anterior candidato socialista que conseguiu nas autárquicas melhor resultado do que Fão.


Susana Ramos Martins

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